Desilusão, dança eu, dança você...
- Rochelle Aweida Veras
- 24 de mar. de 2017
- 2 min de leitura
Vamos falar sobre as ilusões...
Quando idealizamos algo é normal sentirmos que toda nossa energia é voltada para o objeto da idealização, seja um emprego, um namorado, um apartamento novo, uma viagem. Entretanto, quando esses ideais não se cumprem, quando esse objeto externo deixa de cumprir o que queremos, nos sentimos vazios, decepcionados, iludidos, ou seja, sem direção.

Como a Psicanálise vê estas situações?
Compartilharei uma das abordagens sobre o tema na visão de Freud e o narcisismo primário, mas do que se trata isso?
De uma forma simples e acessível, podemos dizer que quando nascemos somos incapazes e limitados, precisamos do outro para existir, não nos alimentamos e não conseguimos suprir nossas necessidades sozinhos, em outras palavras, somos “desamparados”. E então, quando pequenos, acreditamos que há um objeto que satisfará todas nossas necessidades, um objeto sem limites, sem faltas, onipresente... a mãe. Sendo assim, acreditamos e construímos dentro de nós a ideia de que há um objeto que acabará com todo o vazio que sentimos, que suprirá todas as necessidades e faltas.
No decorrer da vida, conforme crescemos, transferimos essa imagem do objeto onipresente para outros objetos, acreditando que, em algum momento, algum destes suprirão toda a falta que grita de maneira latente dentro de nós.
Vamos para um exemplo? O sujeito apaixonado transfere para o “seu amor” a crença de que este objeto terá o poder de acabar com tudo que lhe falta, com todas suas angústias. É como se o sujeito quisesse recuperar o “paraíso” que foi perdido durante a infância (e que cá entre nós, nunca existiu). Podemos fazer diversas analogias, pois isso se estende para diversas áreas da vida, como um trabalho, uma religião, uma posição política, um ideal e por ai vai. Ou seja, tais objetos são superestimados por conta da imagem narcísica que é criada durante a infância.
Mas como dizem os ditos populares, a realidade é dura e fará questão de nos mostrar que não há um objeto que cumprirá esse papel. E com o rompimento das ilusões, diversas possibilidades serão apresentadas, libertando o sujeito, pois se bem pensarmos, ele mesmo se coloca em sua “prisão mais íntima”.
Quando o sujeito percebe que o objeto idealizado não supriu toda sua falta, entrará em um processo de luto de desconstrução e poderá construir novos ideais que proporcionarão, no caso do apaixonado, um relacionamento de fato, aceitando suas falhas e a do outro. No caso de um trabalho, entender que terão dias bons e ruins, dias ótimos e péssimos.
Mas mesmo sabendo de tudo isso, ainda é difícil aceitar que algo que acreditamos nos completar se perde. Sim, é difícil, pois precisamos deixar de lado o narcisismo que todos temos e buscar solucionar nossas faltas sem projetar em situações externas, afinal, o segredo para uma vida mais saudável está dentro de nós e a Psicanálise auxiliará no reencontro e no entendimento de quem realmente somos.
Lembre-se: a rompimento das ilusões traz amadurecimento e auxilia na busca de novos caminhos.
Vamos conversar?
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